terça-feira, 9 de junho de 2009

EDUCAÇÃO É PROBLEMA DE POLÍCIA?





É, mais uma dos nossos tucanos!

As Universidades sempre foram locais de atuação das vanguardas políticas e por isso sempre sofreram perseguições por polícias políticas. Governos autoritários ocuparam muitas Universidades como forma de garantir que não houvesse contestação dos seus métodos, de suas políticas, de suas idéias e de seus crimes. Durante o período da Ditadura Militar - 1964/85 - no Brasil, os universitários foram um dos primeiros grupos a se posicionar contra o regime de excessão e, também, um dos primeiros a sofrerem perseguições. A polícia passou a ser presença comum nos campi universitários.
Com a redemocratização e a constitucionalização do país, ficou decidido que as polícias não teriam acesso livre aos campi universitários, cabendo a guardas específicas das universidades o policiamento nos campi.
Por muito tempo foi respeitada pelos governos a decisão de não enviar as suas polícias aos campi universitários, no entanto, nos últimos anos no Estado de São Paulo parece que o Governo esqueceu-se da determinação de não enviar a polícia a Universidade.
Segundo a legislação atual só é permitida a entrada da polícia nos campi universitários se for requisitado pelo reitor(a) da instituição. Portanto, a presença da políca nos campi tem a conivência dos seus respectivos reitores. As universidades estaduais tem seus reitores escolhidos pelo governador do estado, portanto, a chamada autonomia das universidades, tão falada no estado de São Paulo, é bem restrita.
De 2007 para cá ficou comum os reitores das universidades paulistas autorizarem a entrada da polícia nos campi universitários. Foi, também, em 2007 que José Serra, presidenciável tucano, assumiu, infelizmente, o governo do Estado de São Paulo. Em 2007, por exemplo, a polícia militar expulsou a porretadas manifestantes do prédio da faculdade de Direito da USP, que protestavam contra medidas do governo do estado que limitavam, ainda mais, a autonomia universitária, reivindicavam a democratização do acesso as universidades estaduais paulistas, incremento das políticas afirmativas, entre outras coisas. A manifestação era pacífica, não havia violência, a saída do prédio para quem não quissesse permanecer por lá era liberada, mas a polícia, capitaneada pelo Governador José Serra, e com o aval do diretor da Faculdade de Direito e da Reitoria da USP entrou violentamente no prédio, expulsando os manifestantes do local, sem ao menos tentar uma negociação com os manifestantes.
Já, agora, em 2009, banalizou-se a presença da polícia nos campi das universidades estaduais paulistas. Primeiro, para terminar com um protesto de estudantes no campus da Unesp, em Araraquara, o reitor da universidade chamou a polícia para executar a reintegração de posse do prédio, como se os estudantes da própria universidade não fossem, também, proprietários da universidade. Claro que o reitor, que é subordinado ao Governador do Estado, não foi repreendido por seu superior.
Já com um movimento de greve em andamento - tem gente que pensa que se faz uma greve da noite pro dia, a greve é um instrumento do trabalhador que normalmente só é posto em prática depois de muitas tentativas de negociação, muitas paralisações e manifestações, e é um direito garantido ao trabalhador pela Constituição Brasileira - na USP, os funcionários, professores e universitários decidiram entrar em greve em apoio aos companheiros da UNESP, que foram agredidos pela polícia à mando do Reitor e do Governador, e ocuparam a reitoria da Universidade, de onde foram tirados com uso da força pela polícia, que recebeu autorização da reitora Suely Vilela para ocupar a faculdade, e impedir qualquer manifestação. Claro que a presença da polícia não impediu a realização de novas manifestações de professores, universitários e funcionários fazem performances na frente da força policial, que contava com 150 homens no campus da universidade, agora são 98. Por exemplo, alunos do curso de Artes Cênicas imitam as poses dos policiais, só que ao invés de usarem armas, os universitários usam livro.
Essa é a nova onda do governo tucano em São Paulo que deseja tornar-se governo federal, um retrocesso em relação aos avanços democráticos que o país vem tendo nos últimos anos, desde a Anistia, a campanha das Diretas, o fora Collor, a eleição de Lula, e outros tantos. O governo José Serra está revivendo uma política de Washington Luiz, que tratou os problemas sociais do país na década de 20 do século passado, como problema de políca, agora os tucanos estão tratando a EDUCAÇÃO como problema de polícia.


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