domingo, 18 de abril de 2010

ESTÁ HISTÓRIA ESTA SÓ NO COMEÇO!


Texto do Deputado Federal Ricardo Berzoini, PT-SP, ex-presidente do Diretório Nacional do PT.

Ciro Gomes explicitou seus sentimentos ontem de forma inteligente. Cobrou de seu partido uma definição e, ao mesmo tempo, defendeu sua tese. Ciro entende que o PSB deve se apresentar nas eleições para construir suas referências e lutar pelo crescimento como partido. Cobrança (ao PSB) e tese são absolutamente legítimas e razoáveis. De fato, um partido que apresenta candidatura presidencial pode ter espaço para projetar suas bandeiras e defender sua legenda. E a demora para a definição pode limitar o alcance dessa política.
Mas Ciro não analisa o que está por detrás dessa suposta indefinição. Em 2006, o PSB não apoiou Lula formalmente, por conta da verticalização e cláusula de barreira. Mas o apoiou politicamente. Com isso, à época pavimentamos a decisão do PT do Ceará, de apoiar Cid Gomes desde o primeiro turno, indicando o Professor Pinheiro para vice-governador, e de apoiar a reeleição de Wilma no Rio Grande do Norte, mesmo sem indicar o vice.
Ademais, construímos o acordo de Pernambuco, onde tivemos candidatos distintos no primeiro turno (Eduardo Campos e Humberto Costa), com pacto de não agressão e de apoio a quem fosse ao segundo turno, contra o PFL de Mendonça. Fizemos o histórico comício de Brasília Teimosa (agora Formosa), no qual os candidatos Humberto e Eduardo discursaram abraçados para espanto até de Lula.
O PSB passou a ter três governadores do Nordeste, em três governos nos quais a relação PT-PSB se consolidou, com problemas aqui ou ali, mas sem divergências programáticas de fundo.
PSB e PT, com PCdo B e PDT, podem construir nessas eleições de 2010, ao lado de PMDB, PR e PRB, um núcleo político para um projeto de médio prazo, tendo o governo Lula como referência prática, e projetando um ciclo de mudanças qualitativas para o nosso país.
Ciro pode ter razão na sua demanda. Mas não poderá negar coerência aos que defendem uma frente ampla de partidos com Dilma e Lula, incluindo o PSB. Pra nós, será uma honra ter Ciro e o PSB no palanque de Dilma. Estaremos no palanque de Cid e Eduardo, qualquer que seja a decisão nacional do PSB.
Não vemos Ciro como adversário, assim como não acreditamos que os males da política brasileira vêm apenas de São Paulo. Não rotularemos nossos aliados e adversários a partir de uma visão simplista da política. Não se vence o patrimonialismo ou a corrupção com voluntarismo. É preciso incidir sobre a cultura política do eleitorado. Uma campanha presidencial é apenas um momento desse processo.
Se Ciro for candidato, terá todo o nosso respeito, pois tem todo o direito de ser e a decisão pertence ao seu partido.
Mas creio que a vinda de Ciro e do PSB para a frente que apoia Dilma trará mais nitidez, consistência e qualidade a luta que travaremos. É o projeto democrático popular contra os neoliberais. É o compromisso com o estado democrático contra o compromisso do mercado financeiro. Não é o PT contra o PSDB, apenas.
Nesse contexto, uma outra candidatura do campo popular ajuda ou não o debate? Difícil responder.
Na minha opinião, a história está apenas começando. O Brasil tem muito o que fazer para superar as marcas da desigualdade e fazer a história andar.

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