quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

DIFERENÇAS ENTRE CHILE E BRASIL QUE FINGEM NÃO VER.


Nesta semana com a vitória do candidato Sebastian Piñera ao cargo de presidente do Chile proporcionou euforia na grande mídia brasileira e na oposição de direita ao governo Lula. Isso porque, avaliações superficiais classificavam a situação política chilena semelhante à brasileira. Governo Federal com forte índice de aprovação popular e oposição de direita e, e mais nada. Temos de avaliar alguns outros pontos, que não são citados aqui no Brasil pela grande mídia e pela direita.
Primeiro, o candidato da direita chilena, Sebastian Piñera, é um empresário bem sucedido, homem mais rico do Chile, um alpinista político, sem trajetória de militância. Dono da LAN Chile, companhia de transporte aéreo. Colou-se nele uma imagem de um administrador privado qualificado, de uma novidade na política chilena, jovial e bem sucedido. Bem, vamos analisar o provável candidato da oposição de direita no Brasil, José Serra. Alguma semelhança com a imagem rotulada em Piñera? Não vejo. Serra tem uma pseudo-origem no movimento estudantil, fugiu do Brasil quando a resistência à ditadura precisava de suas lideranças por aqui, voltando ao país se alinhou a setores da direita, como o antigo PFL, atual Democratas, que tem origem no partido de sustentação da Ditadura Militar brasileira, a ARENA. Ocupou dois ministérios no governo FHC, uma gestão marcada pelo Neoliberalismo. Privatizador e não desenvolvimentista.
Em segundo lugar, a “Concertação”, coligação partidária que dá sustentação ao governo Bachelet no Chile está no poder já há 20 anos, portanto, o desgaste deste grupo político é muito maior que o desgaste atribuído à coligação que dá sustentação ao governo Lula, no Brasil, que irá apoiar a candidatura da Ministra Dilma Rousseff à presidência da República, no poder a 7 anos. Aliás a “Concertação” surgiu no final da Ditadura Pinochet, sendo uma junção de parte do Partido Socialista Chileno e da Democracia Cristã (Católica), partido de Centro. Claro que a coligação que dá suporte ao governo Lula conta, também, com setores Centristas, no entanto, não tem todo o desgaste da “Concertação” chilena.
Para piorar, o candidatado da “Concertação” foi Eduardo Frei, ex-presidente chileno da década de 90 do século passado, ligado ao Centro Católico, portanto, de certa forma, afastado do perfil socialista da Presidenta Bachelet. Esta condição travou a transferência de votos da Presidenta para seu candidato. No Brasil, Dilma é uma novidade no cenário político, eu venho dizendo, já há algum tempo, que nas eleições presidenciais de 2010 no Brasil, para se sair bem sucedido seria necessário apresentar alguma novidade, como foi o caso de Obama nos EUA e de Piñera no Chile. Dilma é mulher, ainda no Brasil não tivemos uma mulher ocupando a presidência da República e tem experiência na gestão pública. Porém, sem sofrer o desgaste de ter ocupado cargos eletivos. Por este motivo quando o presidente Lula a indicou como sua sucessora, e o PT endossou sua pré-candidatura, mesmo com os índices iniciais das pesquisas de opinião baixos, eu venho confiando no sucesso de Dilma nas eleições deste ano. Já José Serra enfrenta um desgaste duplo. Primeiro, é impossível não o associar a gestão de FHC e; segundo por ter ocupado recentemente 2 cargos eletivos, na prefeitura de São Paulo (que ele abandonou mesmo prometendo nas eleições que cumpriria seu mandato até o fim) e agora no governo do estado de São Paulo.
Por fim, entendemos o esforço do presidente Lula e do PT em convencer o deputado Ciro Gomes, PSB, a retirar sua legítima candidatura à Presidência da República. Isso porque o PSB é um aliado histórico do PT e do Presidente Lula, integra a base de sustentação do Governo Federal, e é um partido forte nos estados, em especial no Nordeste, onde se encontram seus 3 governadores. Eduardo Frei enfrentou no Chile, além de Piñera, Marco Enriquez-Ominami, candidato com origem em uma dissidência da “Concertação” chilena, que no primeiro turno das eleições dividiu o eleitorado de Centro e Esquerda com Frei, e no segundo turno não houve tempo suficiente para a transferência de votos de Enriquez-Ominami para Frei. Essa divisão foi determinante na derrota da “Concertação”, por apenas 3 pontos percentuais, coisa que o presidente Lula vem se esforçando para evitar algo semelhante na sua base de sustentação.
Portanto, mesmo com a grande mídia brasileira e a oposição de direita (PSDB/DEM/PPS) propaguem aos quatro ventos que as condições no Chile sejam semelhantes às condições no Brasil e espalhem que o governo Lula não fará sua sucessora, eu continuo acreditando muito na vitória da companheira Dilma, e não por “ufanismo” partidário, mas sim por não aceitar esse estratagema da direita, de comparação entre Chile e Brasil, Bachelet e Lula, Frei e Dilma, Piñera e Serra. Isto tudo é muito diferente, nossa condição é outra, nosso presidente é diferente de tudo que já apareceu no Mundo até hoje e nossa candidata é muito diferente do deles.
Viva Lula, Viva Dilma!

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